A Eletropaulo já tem o plano para enterrar os fios da
cidade de São Paulo. A empresa decidiu adotar o protagonismo em um debate que
vinha empurrando com a barriga.
A mudança de estratégia ainda
tratada com discrição começou no ano passado quando a multinacional AES
encomendou à consultoria McKinsey um amplo estudo incluindo situações no mundo
todo e cenários possíveis para o enterramento em São Paulo, com opções
técnicas, formas de financiamento, áreas prioritárias e ritmo de realização.
Também participaram da elaboração, a Fundação Getúlio Vargas e a Escola
Politécnica da USP.
Um resumo do trabalho, que tem
sido levado a autoridades públicas e empresas, foi apresentado ao repórter pelo
presidente da Eletropaulo, Britaldo Soares, e três vice-presidentes, na última
terça-feira, em atendimento a um pedido de entrevista.
No mundo todo, há disparidades
grandes: Tóquio tem apenas metade de sua fiação enterrada, enquanto as capitais
europeias, 100%. Já nos EUA, Nova York enterrou 70% mas Los Angeles, só 20%.
Entre os pobres, Mumbai (Índia), já escondeu 95%; a Cidade do Cabo (África do
Sul), 70%. São Paulo tem apenas 7% de seus 40 mil km de fios enterrados.
A McKinsey afirma que nos países
ricos, o consumidor pagou a maior parte da conta via tarifas; nos emergentes, o
custo é dividido entre consumidores e governos, via desconto de impostos.
"Nós somos os maiores
interessados no enterramento", diz o presidente da AES Brasil, Britaldo
Soares, para quem a fiação subterrânea é mais segura e esteticamente mais
harmônica. No entanto, dizem seus diretores, o custo total do enterramento é
muito alto, corresponde a duas vezes e meia o orçamento de São Paulo ou dez
vezes todo o patrimônio da Eletropaulo: a empresa estima em R$ 100 bilhões, ou
R$ 5,8 milhões por quilômetro de rua na cidade. A projeção é considerada
exagerada por engenheiros presentes à audiência pública no Ministério Público
Federal, em maio; nos EUA, esse trabalho recentemente custou a metade,
aproximadamente. Mesmo assim, resulta uma conta muito elevada.
A proposta da Eletropaulo é
enterrar nos primeiros dez anos todos os fios aéreos do chamado centro
expandido de São Paulo (a região onde vigora o rodízio de automóveis), o que
significará esconder 350 km/ano. Essa região mais densa e consolidada da
cidade, com 3.500 km de fios aéreos, tem 7% dos clientes da distribuidora de
luz, que consomem 25% de sua capacidade instalada. Ali se concentram os
empregos que atraem diariamente 30% dos paulistanos, mesmo aqueles que moram na
periferia.
Para o financiamento, o modelo
prevê que as empresas que dividem os postes paguem parte da conta; prefeitura,
governos estadual e federal entrem com descontos de impostos que incidem sobre
o enterramento (obras ou equipamentos) e o município pague o asfaltamento e a
reconfiguração das calçadas nas áreas envolvidas. Essa fórmula permitiria o
repasse de apenas 20% para as tarifas, num escalonamento que depende do custo
do capital.
Com informação portal UOL
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